Amor entre páginas

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sábado, 26 de abril de 2014

Cidade das Lendas (perdidas e reveladas)


Em tempos de vampiros que brilham, lobisomens depilados e zumbis em crise existencial (respeito o livre arbítrio do escritor, sem dúvida, mas isso não torna a ficção feita por ele mais verídica) surge, em meio ao mar de distorções fictícias e suas cópias: Cidade dos Ossos. Lançada em 2004 nos EUA, com tradução vinda ao Brasil somente em 2010, o primeiro livro da saga instrumentos mortais nada mais é para mim que o salvador atual do seu gênero literário. Cassandra Clare cria um universo com astúcia de mestre: uma miscigenação de todos os mitos e lendas que abrange a superstição ocidental, que simultaneamente não os modifica, mantendo demônios, lobisomens, vampiros, nephilins e afins com as características originais. Uma obviedade autêntica no contemporâneo das histórias sobrenaturais.
      Vejamos a sinopse e abaixo eu irei comentar as partes que mais admirei:    
Capa do livro 1 - Série: Instrumentos Mortais
                               
     “Clary Fray, 15 anos, decide passar a noite em uma boate da moda em Nova York, e o maior de seus problemas provavelmente seria lidar com o truculento segurança da porta, certo? Errado. Clary testemunha um crime, e não um crime qualquer: um assassinato cometido por três adolescentes cobertos por enigmáticas tatuagens, brandindo armas esquisitas. Para completar, o corpo da vítima desaparece no ar. Clary quer ligar para a polícia; quer gritar; quer chamar seu amigo, Simon, que ficou na boate enquanto ela teve a infeliz ideia de perseguir o menino bonitinho de cabelo azul...Mas como explicar a eles que ninguém mais na rua enxerga os assassinos, apenas ela? Como provar que houve um crime se não há rastro algum do sangue do garoto – aliás era mesmo um menino?
    Mas ela nem tem tempo de tomar uma decisão; logo os assassinos se apresentam para a estranha mundana que não deveria vê-los, mas vê. Jace, Alec e Isabelle são Caçadores de Sombras, guerreiros cuja missão é proteger o mundo de demônios e outras criaturas. Vampiros que saem da linha, lobisomens descontrolados, monstros cheios de veneno? É por aí mesmo. E depois desse primeiro contato com o Mundo de Sombras, e com Jace – um Caçador que tem a aparência de um anjo, mas a língua tão afiada quanto Lúcifer – a vida de Clary nunca mais será a mesma. Mesmo.”
  


    Dispondo da minha sinceridade, quando li esta sinopse pela primeira vez, ela não me motivou a ler. Pelo seguinte fato: sendo eu veterana em desfrutar leituras nas categorias juvenil e jovem, ela me pareceu uma sinopse fraca, com linguagem simples e voltada a adolescentes que não gostam de ler com frequência e profundidade, mas que se interessam por modismos literários. Pois bem, a palavra que mais descreve o que eu senti enquanto folheava página por página, imersa no mundo criado por Cassandra, é surpresa. O livro é surpreendente, e não vale um décimo da paupérrima sinopse que infelizmente o apresenta. Enquanto no início você acredita que o Mundo de Sombras se resume a um “preto e branco”, com os bondosos entre os Caçadores, e os demônios e seus mestiços do submundo maldosos, a coisa não é bem por ai. O exemplo mais verdadeiro disso é Valentim, um Caçador de Sombras que ficou conhecido por criar entre a Clave (irmandade do Mundo de Sombras) o grupo radical chamado Ciclo, que lembra o fascismo e nazismo da 2ª Guerra Mundial, em que eles seguem um discurso cruel de manter somente na Terra mundanos e nephilins (a definição biológica dos Caçadores) por serem os “puros”, enquanto que os habitantes do submundo, sendo mestiços de demônios, tinham o dever de desaparecer sem deixar rastros. A cada página, mais você reconhece que assim como há compaixão no submundo, há monstruosidade entre os nephilins. E ainda perdoa a decisão da mãe de Clary, Jocelyn, de tê-la mantido afastada: não dos demônios, nem dos vampiros, fadas ou lobisomens; mas de sua própria espécie de Caçadores de Sombras. Nem Clary; nem Jace; nem ninguém pode prever o desfecho impressionante no final do livro, que é óbvio, não irei contar em uma resenha já que seria uma revelação ordinária da minha parte.


    Sombrio, engraçado e sexy, o volume um do mais famoso livro de Cassandra Clare cria um mundo oculto a nossos olhos, com lendas criadas pela autora misturadas a tantos outros mitos antigos e atemporais, religiões se mesclam com sintonia perfeita, bondade e maldade tornam-se palavras subjetivas, englobado em um misticismo fascinante. Não temam mais, caros leitores, as lendas sombrias não estão mais perdidas, Cassandra as encontrou e reviveu com nova face, em um livro só dela. 

Resenha: Roberta Shinkai (mais conhecida como Batman)

Nota: Hey people! Espero que tenham gostado da resenha ;)

Gostou? Não gostou? Comenta aí embaixo pra gente ficar sabendo, afinal críticas construtivas sempre serão bem vindas :* Um Beijo! 

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